sexta-feira, 1 de abril de 2011

Um Chamado Para Oração Pessoal (Parte II) - Por Ralph Martin



LOUVOR
Freqüentemente o Espírito incita-nos ao louvor. Uma das características destacadas
da renovação carismática, um dos efeitos principais do batismo no Espírito, é que libera em nós um espírito de louvor a Deus. Já ouvi inúmeras pessoas testificar da maneira como louvaram a Deus dos seus corações pela primeira vez. Orações de louvor podem ser encontradas através das Escrituras e na liturgia dos nossos cultos, mas quão raramente são feitas do coração. Glória a Deus pela liberdade de louvá-lo! É bom louvar ao Senhor mesmo quando não sentimos vontade; os sentimentos muitas vezes virão depois que começamos a louvá-lo com a nossa vontade. Às vezes começando a falar em línguas podemos liberar o espírito de louvor e adoração em nós.
O louvor pode ser silencioso ou vocal. Freqüentemente tem sido útil para mim andar
em volta de meu escritório, onde costumo orar, batendo palmas e cantando. Cantar em
línguas é uma grande forma de louvor a Deus que o Espírito nos dá...

Ter liberdade na expressão do nosso louvor a Deus é importante; raramente será
exatamente como foi no dia anterior. Creio que todo dia no nosso tempo de oração devemos ter um período para louvar ao Senhor, indiferente dos nossos sentimentos. Desconfio que haverá tempos de oração em que não faremos mais nada — nem teremos tempo para ler. Quão bom é o nosso Deus, quão bom é louvá-lo!

ADORAÇÃO SILENCIOSA
Às vezes depois de louvar ao Senhor, ou antes, ou no meio, podemos sentir que seria
apropriado simplesmente ficar em silêncio e aperceber-se da presença do Senhor. É bom
estar em silêncio diante do Senhor. Às vezes é isso que o Espírito está fazendo em nós. Tentar orar em voz alta naquele momento seria entristecê-lo. Às vezes podemos ficar em silêncio durante todo o período de oração, não no silêncio morto da vacuidade ou do sono, mas no silêncio repleto da percepção dele.

“Somente em Deus, ó minha alma, espera silenciosa” (Sl 62.1).

“Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus” (Sl 46.10).

Recentemente tive uma experiência que foi uma ilustração notável de como o Espírito
nos dirige em certos momentos a simplesmente nos aquietar e saber que ele é Deus.
Cheguei ao serviço naquela manhã sentindo-me bem mal. Tinha dor de cabeça e sentia náuseas. Eu sabia que deveria tentar manter meu horário regular de oração, porém além do meu mal-estar, o barulho de conversas animadas que vinha dos escritórios adjacentes tornava a concentração quase impossível. Por isso fui para uma sala de depósito por perto e levei uma cadeira para poder me sentar e orar. Eu estava sentindo tanta dor de cabeça que mal conseguia mantê-la ereta, e acabei me inclinando para frente e escorando minha cabeça numa caixa de papelão. Eu quase não conseguia pensar direito pelo cansaço e dor que sentia, mas de alguma forma no íntimo do meu ser tentei voltar-me para Deus e simplesmente apontar, como se fosse, na sua direção. Ao fazer isso, comecei a sentir que ele estava presente, que ele estava chegando e me enchendo. Em poucos minutos, enquanto eu permanecia totalmente quieto, cada vez mais cônscio da sua presença, sem mover-me, incapaz de pronunciar palavras, e sem forças realmente para orar, parecia que ele me confortava com seu Espírito e sua presença. Em pouco tempo a dor de cabeça e a náusea desapareceram, o cansaço se foi, e pude louvá-lo com regozijo e cantar no Espírito. Isso tinha acontecido antes e tem acontecido depois, e parece ser uma das maneiras que o Senhor usa para ensinar-me a ficar quieto e em silêncio, deixando que ele seja Deus.

CONVICÇÃO
Às vezes o Espírito nos fará perceber algo em nossa vida que ele quer que
observemos. Às vezes ele usa o nosso tempo de oração para nos conscientizar de algo que não está certo. Pode ser uma ofensa contra um irmão que precisamos acertar. Talvez seja algo fundamental que permeia nossa vida e é difícil de enxergar por estarmos tão envolvidos. Pode ser uma mudança que deve ser feita nas nossas prioridades ou no nosso horário, ou algo que deve ser mudado no nosso relacionamento com esposa, filhos ou colegas de serviço. O Espírito está lutando para produzir em nós a plenitude da nova criação e há de nos mostrar o que deve ser mudado. Temos de estar abertos a essa obra dele. De vez em quando, tome um pouco de tempo em oração para pedir-lhe que lhe mostre essas coisas e para considerar sua vida diante dele, com o auxílio da sua luz.

Há poucos anos, por exemplo, eu estava orando e comecei a sentir fortemente que
deveria refletir sobre o relacionamento com minha esposa. A área especial do
relacionamento era a minha freqüente impaciência com ela. Senti que o Senhor estava
mostrando-me pelo seu Espírito que eu nunca trazia edificação ou amor quando ficava
impaciente naquela determinada situação, e que eu precisava decidir não reagir mais
daquela forma. Isso produziu uma diferença radical na minha reação a certas situações e resultou numa verdadeira transformação. Coisas semelhantes acontecem periodicamente, e precisamos ficar alertas e ouvir quando o Senhor fala conosco dessa forma.

INTERCESSÃO
O Espírito nos levará a orar por necessidades nossas e de outras pessoas. Às vezes
todo o período de oração será tomado com isso. Em outras ocasiões, o Espírito não nos
permitirá interceder, mas nos orientará a simplesmente louvar.

REVELAÇÃO
Às vezes o Espírito nos revelará uma nova percepção de uma verdade cristã, algo
sobre a crucificação ou a segunda vinda, ou o perdão dos pecados, ou o nosso Pai, ou
sobre a sua pessoa. Pode vir da leitura, ou pode vir diretamente da oração; devemos deixar que ela venha, recebê-la, meditar sobre ela, deixar que ela nos vivifique. Verdades recebidas dessa maneira são uma obra especial do Espírito Santo e produzem maiores mudanças na nossa vida do que vários cursos teológicos sobre o assunto. O Espírito, como Jesus prometeu, nos guiará a toda verdade, e recordará e vivificará em nossas mentes o que Jesus falou. Leve essa nova verdade consigo o dia inteiro, a noite inteira, e a semana inteira; regozije-se nela, dê graças a Deus por ela, compartilhe-a com outros.
Recordo-me como, poucos meses antes do meu casamento, eu estava sentado no
assoalho do meu quarto, orando, e recebi uma impressão distinta de que o Senhor estava mostrando que a minha vida daí em diante precisava ser fundamentada na união perfeita com ele e na união perfeita com a minha esposa. Ele deu-me uma percepção clara que essa seria a base para que a minha vida se tornasse frutífera. Desde então, tenho visto essa “revelação”, que de fato foi o que recebi naquela experiência, produzir fruto muito bom na minha vida e ser provada como verdade absoluta.
Lembro-me também como, alguns meses antes disto, sentado no mesmo assoalho,
orando e pensando sobre uma palestra que eu ia dar para alunos universitários sobre os fundamentos da mensagem cristã, o Espírito de repente começou a dar-me uma nova
compreensão da Trindade — “revelação” esta que tem continuado a ser muito importante na minha vida pessoal e na maneira como tenho experimentado a Deus.

Creio que o Senhor deseja revelar verdades sobre si mesmo e sobre nós para todos
nós. Precisamos estar preparados para “prestar atenção” quando o seu Espírito começa a “nos guiar a toda a verdade” (Jo 16.13).

REGOZIJAR-SE
Regozijar-se pode fazer parte dos elementos de oração já mencionados,
particularmente do louvor, mas também pode ser uma oração distinta em si mesma. Alegrar-se com o que Deus tem feito, o que Deus está fazendo, o que Deus fará, quem ele é, e a sua misericórdia para conosco, é uma forma de oração à qual devemos nos entregar freqüentemente. Às vezes eu ando por volta do meu escritório simplesmente regozijando-me e agradecendo e louvando; outras vezes ando pelas ruas regozijando. É isso que Paulo nos ordena a fazer, não por ser uma boa idéia mas porque temos toda razão para “regozijar-nos sempre”. É isso que o Espírito às vezes nos capacita a fazer de uma maneira especial na oração.

“Naquela hora exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as
revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, senão o Pai; e também ninguém sabe quem é o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Lc 10.21,22).

O método de oração pessoal que estou oferecendo é muito simples. Envolve uma
compreensão simples da oração e leitura, e uma estrutura razoavelmente equilibrada,
embora não absoluta ou rígida, para serem usadas em conjunto; uma compreensão razoável da variedade que podemos esperar na nossa experiência de oração; e uma dependência do Espírito Santo para nos guiar quanto à duração deste período e à maneira de oração que seja melhor em cada momento. O Espírito sopra onde quer, mas é útil saber nos posicionar.

Ralph Martin é coordenador de “The Word of God”, uma comunidade cristã
interconfissional em Ann Arbor, Michigan, EUA. Ele também participa como membro do
Conselho Internacional, que dirige o trabalho do Departamento Internacional da Renovação Católica Carismática em Roma.

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